terça-feira, 21 de setembro de 2010

Uma segunda chance

A mudança na lei penal que distingue o usuário do traficante quanto ao uso, as penas alternativas e socioeducativas sem prisão, demonstram que as autoridades passaram a classificar o drama do dependente como um tema de saúde pública. Quando representa um risco extremo a sua vida e de familiares, a internação involuntária – sem o consentimento do drogado – conseguiu levar dependentes para os centros de recuperação. Porém, é preciso conscientizar e alertar sobre sua condição e o estado debilitado, caso contrário, o tratamento não tem eficácia.

Após reconhecer a devastação da cocaína, crack e outras drogas no organismo as perdas financeiras e familiar, o viciado procura ajuda dificilmente encontra solução para seus problemas no sistema público. Faltam leitos em clínicas de reabilitação públicas para tratar com qualidade o dependente que recebe apoio psicológico e medicamentos para tratar das crises de abstinência que provocam o círculo vicioso.

Clínicas particulares oferecem tratamento, mas a diária é restrita para quem tem dinheiro, neste caso valores que podem ultrapassar R$ 20 mil. Hoje, cerca de 900 mil pessoas consomem pedras de crack no Brasil, sem contar com os outros entorpecentes pesados.

O Rio de Janeiro foi o último estado da região sudeste em que a droga encontrou resistências por causa de seu alto poder letal. O crack mais barato provoca ainda prejuízos financeiros aos traficantes que enriqueceram e fidelizaram os clientes por meio da maconha. Hoje, já se vê guetos na baixada fluminense e região norte da cidade maravilhosa batizadas de “cracolândia”, a exemplo de São Paulo.

Como pedagoga, sou uma daquelas pessoas que acreditam que oconsumo de drogas está intimamente ligado com a falta de oportunidades do primeiro emprego para o jovem, educação e valores familiares sólidos. Em uma estratégia reativa, o Ministério da Saúde pretende liberar R$ 140 milhões para abrir 6.120 vagas em hospitais e centros terapêuticos. Trata-se de um pontapé para se começar a implementar políticas públicas na área e, mais tarde, aperfeiçoá-las.

É uma ótima oportunidade para as cidades que registram um aumento no consumo, reverter esse quadro. Aliado ao combate da polícia, uma educação de qualidade e opções recreativas e lazer, o jovem pobre das favelas não vão precisar usar drogas para fugir de sua realidade cruel.

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